2015 vai começar!

Dia 12 de fevereiro de 2015, quinta-feira

Um dia antes de iniciar o Carnaval, festa da carne que não resistirá se não houver água, alimento, bom senso, saúde, trabalho, educação.

Quem consegue sambar até cair, se não conseguir ficar de pé? Se não tiver comida no prato, se não conseguir alimentar seus filhos? Se não tiver nem dimdim prá comprar birita? Quem?

Tá faltando muita coisa.
O Brasil está `a deriva. Saiu na imprensa, no fim do ano passado,  uma " Oração da Nau `a deriva"  de Lya Luft que cravou uma dúvida em seus leitores e na opinião pública: o veículo em que ela escreve e sua editora é que estão sem rumo e sem leme, ou é a Nação brasileira? Ou os dois? Ou tudo? Ou todos nós nesse mar de incertezas e de aspectos negativos em que estamos navegando?

 " Dá-me, Senhor, águas limpas para navegar, pois nestas em que navego boiam algas e sujeira e até cadáveres que se prendem na minha quilha ou impedem a hélice de funcionar: flutuo devagar, inclinada, num mar morto, à beira de um naufrágio. Não adianta mentir, nem inventar que estou bem, pois estou naufragando em águas turvas com milhares e milhões de passageiros em meu bojo, a grande maioria dos quais não faz a ideia do que realmente acontece. Meus madeirames  estalam e tremem, mesmo assim há quem diga que estou em boas condições, que os malefícios são mentiras, que tudo está controlado. Contra a mentira e a mediocridade generalizadas, e a resignação de tantos de meus passageiros, iludidos  ou desinteressados, preciso de tua ajuda."      

Lya Luft em "Oração da nau `a deriva"

Os grifos são meus.
Como se sentir bem, estando consciente de tanta miséria, desmando, corrupção?

Tenho encontrado e conversado com pessoas de talento, brilhantes até, com seus projetos, empresas, negócios, todos "desacorsoados", como dizia minha avó Lydia.
Desanimados, desesperados, muitas vezes.
Os empresários estão de cabelo em pé. Reles mortais estão sem dinheiro pra nada.  E muitos ditos ricos, mortais, também. Só operando no crédito.

O consumo, que é a base desse sistema equivocado, está correndo risco.
Toda cadeia produtiva pode parar. Sem consumidores. Sem água. Sem recursos naturais. Sem comida suficiente, Sem oportunidade de trabalho. De mobilidade. Sem energia elétrica. Sem.
Estagnação. Vai parar? Sair `as ruas? Protestar?

Sim, o Brasil para mais uma vez, mas para ceder ao circo, `a festa e ir ao Carnaval.

Nunca vi. Se tem algum parente ou pessoa muito próxima ou querida doente, seja em casa ou lá onde for que o coração dói de pensar, a gente consegue dar festa? Sair dançando, vestindo fantasia?  Sair pra brincar o Carnaval, como se dizia, cheio de purpurina?

O país, moribundo que está, vai passando, tomara, por uma desintoxicação. Mazelas vindo `a tona.
De suas veias levaram desde o sangue do Pau- Brasil até a última gota de dignidade enfiada em contas nos paraísos fiscais.
E, mãe gentil,  os filhos de seu solo que não fogem `a luta, estão vestidos de dor, cansaço, fome, vergonha até.

O padrão de consciência dos brasileiros precisa ser alterado. Evoluir. Sem isso, não conseguiremos mudar essa realidade.

Trazer honestidade. Prosperidade. Distribuir a abundância desta terra que nos deram e por si só é uma benção. Rica. Muito rica. Voluptuosa por natureza. Verdes, amarelos, azuis, vermelhos, sons de todos os ritmos, gente de todo jeito, toda cor, som e sabor.

O que me enfuna as velas, me mantém no curso nesse mar infestado, ainda é o Amor. O abraço verdadeiro. A palavra amiga. A vontade de ser justa e sempre querer ajudar.

A dança da vida vivida com harmonia em conjunto. Orquestra. Cada com sua função indispensável para a execução da obra.
Quem sou eu, quem somos nós, neste planeta em 2015?  Qual o meu propósito, o seu?

A prosperidade advém de uma troca mútua. Quem contribui para a fartura e equilíbrio do mundo terá o mesmo em sua vida.

Carnaval, passa!  Que venha 2015!

Quero dançar até subir!



"A Dança" , Henri Matisse  -  1910

Acredita-se que a ideia da composição surgiu em 1905, enquanto o pintor observava pescadores a realizar uma dança de roda, a "sardana", numa praia do sul da França.

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