Vox populi!? Vox dei?
A voz do povo é a voz de Deus?
Hum...
Todas as atenções hoje se voltaram para o resultado celebradíssimo da vitória (?) do Rio de Janeiro para sediar as olimpíadas de 2016.
Hoje em segundos o Facebook ficou lotado de exclamações ufanistas. Gente do Rio de Janeiro, de outros Estados.
Agora só se falará disso. Eu sei.
E tenho medo de assistir ao Jornal Nacional hoje. Ave porre!
Viva o Rio! Vencedor! Humpf! Pelo menos distribuíssem as batatas de Machado ao pessoal que tem pressa e fome de viver... vampiros do tráfico.
Mas será que é motivo de celebração? Mesmo?
Em tempos de podridão nesse nosso amado Brasil, ou antigo reino da Pindurama, (todo mundo pindurando tudo quanto é conta, liquidez zero!) ou também conhecido como Terra dos Papagaios (nome muito mais apropriado, pois só se consegue pagar o altíssimo custo de vida e impostos acachapantes, na base de empréstimos!), todos se esquecem do fedorzinho que exala do planalto e preferem jogar um sprayzinho prá tapear e continuar a viver suas vidinhas mais ou menos de classe média.
Pão e circo. Mas até então só pressinto o circo e a palhaçada, perdoem- me os profissionais do nariz vermelho. Pão, nada. Ou se nada, está putrefato, pela contaminação das águas da Baía da Guanabara. Será que em 6 anos estará despoluída?
Bem, mas quem sou eu prá me arvorar à crítica desta vitória?
Só mais uma voz.
Resolvi então partilhar um artigo de Janio de Freitas - escrito antes de se ter o resultado - na Folha de São Paulo, com aqueles que não leram o jornal hoje ou que não têm acesso ao seu conteúdo na Internet.Prá pensar! Concorrências, licitações, aí tem mais coisa reunida!
Sim, porque não se esqueçam dos aviões e da parte bélica! Esqueceu-se? Ah!Os aviões!?
E não estou falando da Juliana Alves - capa da Revista Playboy deste mês - que é um avião claramente, e não um canhão.
Vai, leia. E pense com mais cuidado.
E não estou falando da Juliana Alves - capa da Revista Playboy deste mês - que é um avião claramente, e não um canhão.
Vai, leia. E pense com mais cuidado.
Depois solte a voz.
Tem mais gente que comentou ...
Aqui: http://albertomurray.wordpress.com/ (assista ao vídeo que se encontra no post de 1º de Outubro) e aqui: http://www.eduardofischer.com.br/blog/
E também em vários outros sítios. Só procurar.
Abaixo o artigo de Janio de Freitas.
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Folha de São Paulo, 02 de Outubro de 2009 - caderno Brasil.
JANIO DE FREITAS
As concorrências do dia
AS DUAS CONCORRÊNCIAS que têm no dia de hoje um marco importante -uma como ponto de chegada e a outra como ponto oficial de partida- exibem três aspectos em comum: são controvertidas, têm custos desproporcionais às disponibilidades e não correspondem a necessidades reais. Olimpíada e avião de caça, não sabíamos, são bem parecidos.
Na disputa do Rio pela Olimpíada de 2016, muita coisa sugere que a vitória verdadeira dos cariocas estará na derrota. Olimpíadas exigem gastos monstruosos.
O Pan, de exigências e dimensões insignificantes em comparação com uma Olimpíada, em vez do propalado lucro deixou um fundo rombo no Rio, no Estado do Rio e no governo federal. Com esse montante jamais informado à sociedade pelos três governos, deixou também um rastro de falsos orçamentos, superfaturamento e gastos injustificáveis que ficaram na mais absoluta impunidade, mesmo nos casos comprovados pelo Tribunal de Contas da União ao fim de dois anos de protelação. E vários dos responsáveis pelo Pan são agentes da Olimpíada.
Só para chegar à decisão de hoje em Copenhague, a estimativa é que já foram gastos entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões, o que já oferece pistas em diversos sentidos.
O Estado do Rio não tem dinheiro para bancar a sua parte em uma Olimpíada, como evidenciam as infinitas necessidades, gritantes na maioria, para as quais também não tem. Entre o disponível e as necessidades, a situação da Prefeitura do Rio não é melhor.
A Olimpíada significa, portanto, dois efeitos simultâneos sobre as duas administrações: deslocamento de verbas para os altíssimos custos e endividamento a comprometer fluminenses e cariocas por longo período. E essas obras de Olimpíada não trariam para o Rio as melhorias alegadas, porque nada têm a ver com as necessidades prioritárias. Assim como, para a cidade, as tais melhorias a serem deixadas pelo Pan só deixaram gastos.
Os quase dez meses de Eduardo Paes têm dado à administração da cidade movimentação e atenções que havia muito não se viam. Ainda nem tanto em termos de resultado, mas de clima, esse é um fator muito positivo que, em vez de ampliar-se para provocar uma grande virada, seria interrompido, pela concentração de todo o empenho municipal na preparação da Olimpíada.
E, cá entre nós, depois da grandiosidade e da beleza estupenda da Olimpíada na China, a pretensão de fazer uma por aqui não é ideia das mais equilibradas, não. Mas interesses, é claro, são outra história.
Os nossos atletas dos negócios olímpicos foram-se para as alturas do Hemisfério Norte e de lá vieram os representantes da Boeing, que fica no extremo noroeste dos Estados Unidos, e da Saab, que é na Suécia. Estes, mais do que para fazer hoje a entrega das propostas de seus caças, por preocupação com as reiteradas manifestações do governo brasileiro pelos aviões franceses. Já os representantes da Dassault -messieurs Sarkozy, Lula e Jobim- estão despreocupados até da queda em má hora de dois dos seus produtos. Na expressão sucinta e grossa de monsieur Jobim, "não tem a ver", e ponto.
Mas tem. Nelson Jobim diz que a intenção é dar tudo por resolvido em dezembro. Encerra-se o prazo das propostas, porém, sem que a recente queda de dois caças da Dassault (Rafale) esteja explicada. O choque por erro humano é apenas presunção. A qual não exclui a hipótese, por exemplo, de que um súbito defeito levasse um dos caças a chocar-se com o outro, nos retornos que faziam juntos para o pouso. E não é pouco estranho que os radares do porta-aviões Charles de Gaulle não tivessem registrado o choque dois caças, capaz de explicar ao menos o tipo de movimento que o causou. Sem esquecer que esse novo avião teve mais uma queda, em dezembro de 2007, também sem causa divulgada.
Tudo tem a ver em uma competição limpa, e atenta para os interesses legítimos do país. Seja pensando em confronto esportivo ou confronto bélico.
Comentários
obrigada pelo comentário.
Ah! O nome do jornalista em questão deveria levar acento circunflexo no "a", mas trata-se de nome próprio e acredito, fugiu à regra!Não é acentuado.
Adoraria poder conhecer suas idéias por exemplo em seu blog onde, pena, não consta postagem alguma e nem referência de quem seja você.
Abraços a Tiburcin!